O mundo não vai compreender estes pequenos textos que são para mim como uma frasco de xarope, e cada um, é um trago de força, uma lufada de ar puro, melhor que outra coisa qualquer que possam imaginar.
Os ponteiros dum pequeno relógio, olham para mim, como se me dissessem: deixa-te disso porque às vezes sofres, mas os seus tiquetaques também são remédio para amortecer o que sinto no peito, surgem imagens flutuantes onde eu sou feliz, com risadas constantes subo ou melhor trepo para o colo de minha avó, como se ela fosse uma montanha, ela me aguarda com a tigela da sopa, a sua voz que era apagada e longuínqua, a ouço agora bem presente, meu rosto tem um tom róseo do calor da lareira, minha avó tem um aspecto macilento, é genuinamente uma mulher da aldeia, olho-a em silêncio e suspiro, que maravilhoso é estarmos juntas, como o mundo parece diferente...este mundo da gente!
Mundo que na sua simplicidade planta sementes de felicidade, nunca me ajustei muito bem a um mundo diferente do nosso, vivo uma hora de cada vez, mas me assusta o tempo e a sua rapidez, o seu rigor, as surpresas do seu fim, que ele me arraste e não me deixe voltar...
Com as pálpebras meio caídas olho as pequenas faúlhas prestes a morrer... como é generosa a oferta da fogueira, nos ramos mortos a arder ainda se vê a seiva como se estivessem a renovar a vida, ou a lutar por ela.
Um lugar seguro para sonhar, mas volto sempre à prisão que é a realidade, onde tenho a liberdade de viver com verdade...o sonho é apenas uma viagem que me deixa viver o momento que preciso, o meu instante, onde sou livre como o vento, onde sou o próprio vento, entro p'lo sonho adentro como pássaro a quem abrem a gaiola, nesta paz do sono onde me abandono.
natalia nuno
rosafogo
Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira.
Johann Wolfgang Von Goethe
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