sexta-feira, 11 de maio de 2012

O SOSSEGO NA ALDEIA

Poemas : O sossego na aldeia
Tags: ideias desavindas suplica muda galinhas inquietas
Minhas ideias andam desavindas
Quem paga as favas sou eu!?
Em desalinho as cortinas das janelas
Foi o vento que lhes deu.
E perto delas?!
Passam voando duas borboletas lindas.
No quintal duas galinhas engalfinham-se inquietas
Deixo as janelas abertas
Tomo uma pinga de café fresquinho
Enquanto as ideias alinho.


A mim chegadinho?!
Está o velho gato lambareiro
Numa súplica muda...
Vem, porque lhe deu o cheiro.

Este tempo que põe tudo borolento
Me enfastia, provoca até estonteamento.
É caso para me pôr a cismar,
Será que o Sol demorará a voltar?!
Mas aqui se respira bom ar
Há sossego, venho aqui p'ra enrijar!
Despovoadas as ruas
E o tempo passando lento
Toda a gente sachando murmúrios
mexericos, coisas suas...

De quando em quando a ventania
Um ruído de folhas secas caindo
Já das telhas bamboleante a chuva caía
Deixei-me à escuta, serenamente,ouvindo.
Já o dia abalou!
Fecha-se a minha janela
Hoje, o Sol não me alegrou.
Passou a Vida sem dar por ela.


rosafogo

Mas quanto prazer, o café feito na cafeteira de
barro à lareira (café da tia Rosa) da lata
antiga da Cafeeira, o gato feliz quase chamuscado,
a chuva batida p'lo vento nas vidraças e o silêncio que faz doer, mas que entra p'la alma dentro trazendo-lhe alívio.



Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira.
Johann Wolfgang Von Goethe

Escrevo para que a vida continue sendo vida.
  
rosafogo
Autorrosafogo
Texto
Data08/02/2010 18:50:02
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Enviado porTópico
cleo
Publicado: 08/02/2010 18:56 Atualizado: 08/02/2010 18:56
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Re: O sossego na aldeia
É assim a modos que um contentamento descontente...
Um querer que aconteça, mas que tarda em acontecer.

Como eu te entendo, amiga Rosa!

Escusado será dizer que este poema está delicioso.

Beijo

Enviado porTópico
rosafogo
Publicado: 08/02/2010 19:18 Atualizado: 08/02/2010 19:19
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Re: O sossego na aldeia/cleo
Um pouco de paz de espírito necessária
Mas uma serenidade ao mesmo tempo conflituosa.
É sem dúvida um contentamento descontente...
Uma criatura que não se entende a si própria.

E eu te fico grata amiga
pelo apreço.

Esta poesia foi o tempo que a ditou,e esta chegada
à aldeia que atravessei e não vi vivalma.

beijo linda
da rosa

Enviado porTópico
jluis
Publicado: 08/02/2010 19:11 Atualizado: 08/02/2010 19:11
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Re: O sossego na aldeia
Adorei a "aldeia" que trazes no peito e que soltas num poema belo de tristeza...
Beijo, grande poetisa!
JL

Enviado porTópico
rosafogo
Publicado: 08/02/2010 19:23 Atualizado: 08/02/2010 19:23
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Re: O sossego na aldeia/jluis
Olá ZéLuis

Cheguei há pouco à aldeia, atravessei duma ponta à outra e não vi vivalma, um silêncio demasiado,
umas vezes sou feliz é o meu ambiente, mas outras
me invade a solidão.

Como chovia e não dava para jardinar, iniciei a escrita, e olha lá nasceu mais um.

Obrigado pelo carinho
beijo
da rosa

Enviado porTópico
visitante
Publicado: 08/02/2010 20:23 Atualizado: 08/02/2010 20:23
Re: O sossego na aldeia
oi amiga rosa mais um belo poema parabens este poema fala de sossego, mas tambem de um certo
dessasosego que sente certo?
Parabens belo poema continua a escrever estas lindas poesias prosas etc.
Bjs e força lembre-se nem tudo é mau apenas vivemos momentos de doce alegria e as vezes pesar bjs

Enviado porTópico
rosafogo
Publicado: 08/02/2010 20:27 Atualizado: 08/02/2010 20:27
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Re: O sossego na aldeia/Rxhulb
Olá Ricardo tens razão o sossego às vezes é só aparente, a inquietude faz parte de mim.
Mas não vou esquecer não que a vida é tal qual dizes feita de bons e menos bons momentos.
Obrigada pela força

fica bem
um abraço carinhoso
da rosa

Enviado porTópico
AnaCoelho
Publicado: 08/02/2010 20:58 Atualizado: 08/02/2010 20:58
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Re: O sossego na aldeia
Um poema com imagem belas, quase se sente o aroma do café.
Sentir a chuva a cair e escutar o silêncio.
Um quadro perfeito para este final de dia.

Beijos

Enviado porTópico
rosafogo
Publicado: 08/02/2010 21:55 Atualizado: 08/02/2010 21:55
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Re: O sossego na aldeia/Ana Coelho
Que cheirinho não é Aninhas, eu costumo dizer que não há mais alcoviteiro que o café. Calcula que vim para jardinar e toda a santa tarde choveu,
impossibilitada de sair fui descrevendo tudo o
que se passava, mesmo com frio tem de se abrir um bocado as janelas, porque a casa está muito fechada.

Ao mesmo tempo que é solitário é acolhedor, me sinto quase bem, sou um pouco inconformada, se chove, chove, se faz calor é porque não suporto,enfim amiga cá estamos.

beijinho obrigada p'lo carinho
rosa

Enviado porTópico
HorrorisCausa
Publicado: 08/02/2010 23:30 Atualizado: 08/02/2010 23:30
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Re: O sossego na aldeia
quando li o título lembrei.me logo que tinhas dito que ías à aldeia de manhâ, confesso.te que fiquei roídinha de inveja e mais agora que depois de ler, saltou.me à retina os cheios e as texturas do poema.

beijo

Enviado porTópico
rosafogo
Publicado: 09/02/2010 13:11 Atualizado: 09/02/2010 13:11
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Re: O sossego na aldeia
Maria, eu e esta minha aldeia e as minhas histórias. Coisas da idade amiga, lembranças duma
gaiata irrequieta. Depois da lareira acesa, tudo se torna diferente, começam a surgir os cheiros,
e é muito acolhedor.

Obrigada linda e se quiseres podes tomar um cafézinho ou melhor uma pinga de café como se dizia no meu tempo de criança.

beijinho linda

rosa

Enviado porTópico
Gyl
Publicado: 09/02/2010 01:12 Atualizado: 09/02/2010 01:12
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Re: O sossego na aldeia
Me teletransportou através da tua poesia para tua aldeia. Cheguei a ver o gato chamuscado e as galinhas inquietas pelo terreiro. Ah, minha poetisa! Quanta riqueza vocabular! Quanto lirismo e bucolismo! Fico daqui, a admirar... Estarrecido! Beijos, de quem gosta muito de ti, do teu amigo! Fica bem e felicidades sempre!

Enviado porTópico
rosafogo
Publicado: 09/02/2010 15:39 Atualizado: 09/02/2010 15:40
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Re: O sossego na aldeia
Verdade meu querido amigo, o gato chamusca mesmo o pêlo de tanto se encostar às brasas, sonha ele
tranquilo no conforto do la lareira e descanso eu,
contando aos amigos estas minhas histórias.
Aqui nesta aldeia onde impera a paz e o sossego, onde as portas continuam no trinco e as cegonhas
já namoram mesmo não sendo primavera, tudo é como há sessenta anos atrás.
E eu gosto de estar uns dias calmamente, depois volto ao reboliço da cidade porque eu sou muito inquieta e também necessito de acção.

beijinhos amigo obrigada pelo carinho.
fica bem

rosa

Enviado porTópico
Sterea
Publicado: 09/02/2010 09:29 Atualizado: 09/02/2010 09:29
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Re: O sossego na aldeia
Há qualquer coisa na tua escrita que nos faz bem e nos aninha num colo que ficou lá para trás, na nossa infância, quem sabe até nas nossas memórias mais antigas ainda...
Beijinhos, gostei de tomar contigo uma chávena de café da tia Rosa... e o calor da lareira soube-me tão bem!...

Beijinho!

Enviado porTópico
rosafogo
Publicado: 09/02/2010 12:56 Atualizado: 09/02/2010 12:56
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Re: O sossego na aldeia
Sterinha, ai amiga também te deu o cheiro? Mas olha que isto de café tem pouco. É o que eu chamo de café da aldeia no fundo é apenas uma mistura.
É aqui que a saudade me atinge em cheio e me recorda o dez réis de gente como me chamaram até
tarde e porquê? Por causa da minha teimosia de
querer tudo saber, de querer ser geralmente o que as outras não queriam, como por exemplo hospedeira, para-quedista,no fundo sair da pobreza
e graças a Deus não me saí mal.

Obrigada p'la companhia, afinal o café sempre cheirava.

beijinhos
da rosa

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VónyFerreira
Publicado: 09/02/2010 12:54 Atualizado: 09/02/2010 12:54
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Re: O sossego na aldeia
Mais um poema que nos trazes que evidencia
a tua autenticidade e sensibilidade.
Rosa, um beijo.
Vóny Ferreira

Enviado porTópico
rosafogo
Publicado: 09/02/2010 13:07 Atualizado: 09/02/2010 13:07
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Re: O sossego na aldeia
E tu querida amiga, foi o calor da lareira ou o
cheirinho do café que te trouxe?
Olha hoje vou fazer arroz doce, quem sabe não
me saia alguma poesia a propósito? Ai estas minhas histórias de tempos ídos, tanta coisa p'ra
contar.
A saudade aqui redobra como o bater do sino, lembrando cada hora que passa.

obrigado amiga
beijo
rosa

Enviado porTópico
ÔNIX
Publicado: 09/02/2010 13:56 Atualizado: 09/02/2010 13:56
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Re: O sossego na aldeia
Olá Linda Rosa

Como me revejo no que escreves. Será só uma dor no peito, esta de não poder habitar esse sossego em mim, mas sempre que me disponho a ir e voltar, será sempre num momento de felicidade que o faço.

Gosto da minha aldeia e do que ela sempre me deu e continua a dar.
Ese teu poema, tem cheiros muitos, que me encantam

Um beijo para ti


Matilde D'Ônix

Enviado porTópico
rosafogo
Publicado: 09/02/2010 15:46 Atualizado: 09/02/2010 15:48
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Re: O sossego na aldeia/Ônix
Quem esquece o que tráz no coração Mathilde?
É sempre bom voltar. Felizmente que há coisas que nos lembram muito a nossa infância,
a lareira na cidade não tem o mesmo conforto, e
depois a Natureza, acreditas que já vi andorinhas fazendo ninho? Hoje dei uma volta de manhã e foi um regalo, é como dizes os cheiros, o ar, tudo é diferente. Quanto ao sossego, às vezes
me sabe bem, outras fico ansiosa de me ir, será própria esta inquietação em nós?

Obrigada londa pelas tuas palavras que sempre me encantam
Um beijinho da amiga
rosa

Enviado porTópico
visitante
Publicado: 09/02/2010 17:33 Atualizado: 09/02/2010 17:34
Re: O sossego na aldeia
Mesmo com um dia chuvoso eu daria tudo por um café feito em cafeteira de lata, o som das folhas em queda, nos tons invernais. Daria tudo pelo brilho do crepitar do fogo da lareira e do olhar inquieto do gato cor da cinza. eu daria tudo por um pouco de natureza viva num dia de inverno

..... e contigo vivi este poema.


Beijo azul

Enviado porTópico
rosafogo
Publicado: 09/02/2010 20:33 Atualizado: 09/02/2010 22:45
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Re: O sossego na aldeia/Haeremai
Obrigada amiga, são tudo coisas simples queridas, nostálgicas mais dum tempo passado, mas que eu revivo muitas vezes porque semanalmente aqui venho
cultivar em mim esta saudade e sentir crescer as
flores que religiosamente trato no jardim.

Te agradeço as palavras mimosas
beijinho amiga
da rosa

Enviado porTópico
Vania Lopez
Publicado: 10/02/2010 00:09 Atualizado: 10/02/2010 00:09
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Re: O sossego na aldeia
Um desassossego esse seu poema. Com seu perfume.
Levo minha querida. bj

Enviado porTópico
rosafogo
Publicado: 10/02/2010 13:17 Atualizado: 10/02/2010 13:17
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Re: O sossego na aldeia/Vania
Olá querida

Dentro do sossego, o meu desassossego que é uma inquitação constante.

Obrigada amiga
te adoro
beijo
rosa



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